O pequeno universo de uma mochila, seus deuses de pano, sua lógica de correias e zíperes. Um ser que vive mesmo murcho e cuja obesidade faz dançar na Terra a geografia de um indivíduo. Um organismo em simbiose que precisa do bípede para mover-se por aí, em troca de carregar suas peles, seus sonhos, seus mantimentos. Uma ferramenta que se desdobra para dentro e para fora do mundo.
Um vazio que chama a viagem, chama o vazio da xícara, o oco da casa, da barraca, deste ônibus, o vão do sapato, a fôrma das calças, o éter dos telefonemas, a câmara das conversas, o escuro dos olhos, o branco do papel.
A mochila no bagageiro, como um cão triste esperando a volta do dono. No banco de passageiros vazio, como um gato pedindo cafuné. Semi-esvaziada em um canto da estadia, tal ídolo antigo, aceitando oferendas, distribuindo bênçãos.
Lagarta de carne rarefeita, roendo uma folha esvoaçante. Fruta única de árvore sem raízes. Da poeira do quarto para a poeira da estrada. Última lágrima do alento de um sonho, afinal derramada.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
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2 comentários:
Duas coisas:
1.Demian, primeiramente queria dizer que pedi minha saída do blog Conduíte. Nunca postei nada já que quase nada escrevo.
2.Cara, tá muito bom o que vc tá postando. Gostei muito do que li até agora.Prometo que agora passarei aqui com mais frequencia.
Abraços, Douglas
Cara, tá tudo muito bom.
Fiquei muito empolgado com o que li...
Continue sempre.
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