sábado, 5 de maio de 2007

Manhã Sem Café

Meu sangue carcomido,

O sexo exacerbado,

Reveste de sentido,

A ferida no estofado.


O polegar, esse exegeta,

Toca um fluido ignorado.

Corre limpa desinfeta,

Crítico, o tédio está sentado.


Espalha veneno

Uma xícara vazia.

Na mesa polida peno,

Um foco amargo ia.


Ser ameno, ser simpático.

Ignorar as pessoas,

Mesmo sorrindo, pragmático.

Até quando lhe entoam loas.


Na garrafa, sem aroma,

Não há gente, não há fé.

O amargor de existir assoma

Na sólida manhã sem café.



Demian Machado

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