Siga a estrada de espelhos, cortante, sem saída. O sangue de uma era dorme com você, em seu carro de ferro. Carona Azul é o ar condicionado, um pacote de carne e estilo, na dose certa pra te satisfazer. Agulhas de gasolina chacoalham lá atrás, aquelas com que estico o mapa de couro e suas rodovias cicatrizes, recheadas de um ouro cinza que já confundem com chumbo, após tantos fogos andarilhos.
Não espero mais que o olhar baço do horizonte, dormindo ao volante ao me ver, incessantemente vindo em sua direção. Ele lacrimeja, lacrimeja, enfim dorme, e fica mais atento. Sua inconsciência é precisa, fria, racional e tudo esvazia com sua presença.
Repercute em meu gosto essa espera da luz sem rumo, dispersa demais para ser minha amiga, onipresente professora de sorriso irônico e lábios amontoados de lã.
É este o lar do vento irmão eco, que agora se senta ao meu lado desdenhosamente mortificado.
É aqui que atropelo quem toca os genitais de minha alma em busca de abrigo.
Onde o asfalto estala unhas tetraplégicas, incrivelmente asseadas.
Local que jamais o será novamente.
Espaço endócrino-gástrico-intestinal.
Na hora certa em que vais a merda,
Musa filha-da-puta.
Um comentário:
Simplesmente inusitado... talvez por talento, quiça força do hábito. Não importa... Existe e basta.
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