Sou uma sentença.
Sólida,
Sorumbática,
Caminhando de folha em folha.
Deixo minhas pegadas de tinta.
E não tenho pressa,
Tenho sono...
Vou dormir em outra mente,
Aqui o aluguel está caro.
Não lavam esse
Sangue-borrão
De onde me sento,
Mas me alimentam bem.
Letras gordas,
Morrem gritando como porcos,
Para me serem servidas.
É gentil o senhorio,
Nesta casa cheia de pó,
Tantas frases mofam
Nos corredores.
Expressões mumificadas,
Cadáveres de histórias ressecadas,
Amontoam-se nos quartos.
Ou então dormem nas infinitas pilhas
De papel em branco,
Roídas de ratos
Compostos de lápis.
Os coloridos sempre riem.
Pelo menos assim parece.
Sim sou sua sentença,
Já vou indo agora,
Tenho sede
E as folhas são secas
Mesmo
Sempre vivas.
Solilóquio
Com o papel,
Só se é louco.
Disso não há
Dívida.
Duvida?
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